segunda-feira, julho 07, 2014

Uma história inacabada...



" E as máscaras? Eu tinha medo mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara." 
Clarice Lispector

Clarice já dizia que escrever é um mecanismo de permanecer viva. E eu concordo com isso. Há muito que não escrevo e, por isso, sei que tudo o que gostaria de dizer preencheria livros e livros a serem lidos por aqueles aflitos e angustiados, que procuram tragédias compartilhadas, ou histórias inacabadas. A única coisa de que tenho certeza – digo isso, porque já tentei as técnicas da música e da arte, por meio de desenhos – é de que as palavras provavelmente me mantém coesa à sociedade.


Sei o quanto é difícil viver, alguns passam por coisas extremamente piores do que eu e, justamente por isso, eu gostaria de canalizar todo o meu sentimento de exterioridade e estranhamento/desencantamento do mundo, para ajudar os outros (necessitados). Voltando ao meu objetivo central, minha meta síntese é essa, levar algo aos outros que traga conforto e paz, tratar de forma diferente os indivíduos, com atitudes diferentes da que já fui tratada. Mas é isso? É só isso, easy? Não, porque justamente por tentar renunciar ao egoísmo que você sofre muito mais do que os egoístas, do que os interesseiros, do que aqueles em quem você acreditava que poderia contar. É justamente pelos seus objetivos divergirem da maioria das pessoas que você se encontra às margens, que você deixa de se identificar com muitos “amigos” (amigos vírgula).

Acredito que a angústia de esperar é virtude dos que encaram o destino de frente, com várias responsabilidades, sem fugir daquela velha história de se tornar um ser humano melhor.  Engraçado e estranho o mundo, as pessoas mudam tão rápido de opinião, têm atitudes que me causam repulsa e , em tão pouco tempo, fazem-me crer que o mundo de desigualdades, caos político e corrupção têm raízes dentro dos próprios indivíduos que, mesmo negando e “lutando” contra os males vigentes, mostram-se extremamente frágeis e antiéticos nas relações pessoais e, no mais profundo do ego, atuam como atores para atingir o outrem, para causar dor e sofrimento alheio.

Ganham o que com isso? Provavelmente não só o inferno dos outros, mas constroem o  próprio purgatório terreno, que, cedo ou tarde, cairão dentro e, como um vulcão feroz e em erupção, não haverá lados para correr ou fugir, resta só colher aquilo de maldade que plantou ao outro.

Creio, em minhas humildes reflexões de que o psicológico do ser humano é uma caixa empacotada e dela provém os piores castigos que poderíamos receber. Eu sou uma dessas que já recebeu penas mentais que corroem mais que muitos castigos físicos. O que te resta agora? O que me resta agora? Continuar com o propósito de ajudar seres humanos que corroem , assim como ácido sulfúrico em contato com a pele, as relações pessoais, retribuem com o mal quem lhes fez o bem e com ingratidão os que (jamais tiveram intenção) não causaram dor e sofrimento?

Com isso, sérios sinais de sociopatica tomam o ser e a consciência individual tenta sobrepor-se a todo custo à coletiva, de maneira que uma profunda angústia sentimental e estranhamento com a sociedade toma o ser. Óh, Durkheim, será, um dia, tarde demais?

E ela sofria, angustiada por anseios de liberdade, por não aguentar mais viver naquela situação. E ela Não chorava, já que sabia que uma lágrima só traria um pouco mais de desidratação ao seu frágil corpo. E ela sabia que, em algum lugar do planeta, poderia existir alguém que compactuasse com as ideologias e com aquilo que ela acreditava ser certo. Entretanto, ela não encontrava ninguém. Ninguém que, ali por perto,  pudesse compreende-la.

Nesse instante, ela, em um momento de vazio profundo existencial, tenta tornar-se mais “bonita”,  abafar algumas espinhas que existem na face, esconder as várias olheiras e expressões faciais .


Não prometo acabar esse texto por aqui, mas ele vai ter continuação! Ah, se vai.

5 comentários:

  1. É isso aí. Penso que ser autêntico e agir para o bem do próximo são atitudes que colaboram para um mundo melhor!!!
    Beijos,
    da mamãe.

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  2. Uma história inacabada...
    Um texto inacabado; Ashusahus;
    Muito bom... Mas acho que faltou uma análise psicológica mais profunda da autora no último parágrafo, de forma que isso auxiliaria no entendimento do título em si e do texto acima redigido..
    No mais, tá ótimo! :)

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  3. "Entretanto, ela não encontrava ninguém. Ninguém que, ali por perto, pudesse compreende-la", olha isso me deu uma ideia, se me permitir, usarei este post como referência em uma publicação. E, a propósito: não você não está sozinha, eu compreendi perfeitamente o que você quis dizer.

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    1. Claro Camila!!! É bom saber que não estou mesmo.

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    2. Aqui o texto: http://necroteriodastesouras.blogspot.com.br/2015/07/entretanto-ela-nao-encontrava-ninguem_25.html

      Bom espero que eu tenha realmente compreendido (rs)

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