domingo, setembro 08, 2013

Realidade e fantasia, um paradoxo.

           



"Só 10% é mentira, o resto é invenção", já dizia um célebre poeta chamado Manoel de Barros. Até que ponto a nossa mente consegue distinguir realidade de fantasia? É uma difícil pergunta, mas que eu tentarei ao máximo responder neste texto. Perdoem os meus erros ortográficos , pois estou escrevendo o artigo de forma fragmentada, talvez pela falta de tempo, quem sabe também pela falta de disponibilizar horas livres - parar de gastar tempo com coisas inúteis -, não entenda isso com menosprezo a você, querido leitor. Como pode-se perceber ando meio machadiana, acabei de ler "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e me mobilizei um pouco com a capacidade que esse autor tem de prender a atenção daqueles que leem as obras dele.

O intuito desse pequeno texto é fazer com que reflitamos acerca das nossas percepções, impressões e sensações. Até que ponto elas são realmente verdadeiras e correspondentes idênticas à realidade? Com a minha "pouca (muita)"  experiência de vida, já presenciei e vivenciei situações em que indivíduos contrapunham ideias afirmando que apenas a sua versão estava correta, que seria aquilo que teria acontecido de verdade, fielmente como um espelho da realidade. Essas discussões levam, muitas vezes, a enfrentamentos de ideologias e oposições que podem gerar conflitos existenciais. Isso acontece, porque defendemos calorosamente o nosso ponto de vista, como percepção de mundo e realidade.

Filósofos da Antiguidade Clássica já ilustravam o que acontece na atualidade. Heráclito era mobilista e, como tal, afirmava o dinamismo, o logos, a contradição. Já Parmênides, a sua antítese, afirmava que não existe movimento e que tudo é ditado pelo princípio da identidade, o qual é válido até hoje (uma coisa  só é igual a ela mesma e diferente do seu contrário). Voltando a discussão proposta no início desse artigo, Aristóteles foi um pensador que e praticamente inaugurou a discussão acerca dos princípios empíricos, ou seja, dos sentidos. Além dele, destacam-se também David Hume, que defendia o poder da impressão a despeito da ideia, que seria apenas uma cópia ou lembrança de algo que já aconteceu.

Uma pergunta que deve ser refletida é: se cada um possui uma mente diferente, percepções e experiências alternadas e distintas, porque haveríamos de possuir as mesmas interpretações sobre um fato cotidiano? Encontramos uma interpretação convincente na teoria de Kant, que afirma que os homens adquirem conhecimento, mas utilizando tanto a experiência quanto a razão, isso os diferencia dos animais, pois esses não possuem capacidade racional para a organização de ideias. Segundo o pensamento desse filósofo, possuímos o "aparelho de conhecer", que é o nosso intelecto e se mostra igual a todos os indivíduos. Entretanto, as experiências que servem para preenche-lo e moldar aquilo que conhecemos é diferente de pessoa para pessoa.

Por causa disso, percebe-se que as percepções, vivências e experiências são distintas de indivíduo para indivíduo. Essa situação nos leva a um ponto de reflexão: até que ponto nossa visão de mundo, que, geralmente, defendemos a todo custo, aproxima-se da realidade? Quantas vezes nos mostramos parciais diante de acontecimentos, fazendo julgamentos e críticas, sem ao menos pensar na possibilidade de estarmos errados? É necessário que usemos a mente e nossas impressões sensoriais a nosso favor, mas sem nunca subestimar os outros ou acreditarmos que somos os únicos donos da verdade.

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