sexta-feira, março 22, 2013

Igualdade e violência contra a mulher: um paradoxo


A violência contra as mulheres, principalmente a doméstica, é um fato preocupante. Isso porque a maior parte dela permanece silenciada ou, quando a queixa é feita, muitas vezes, é retirada pelas agredidas e os autores acabam impunes. Historicamente, a figura feminina mostra-se, na maior parte das sociedades, submissa, humilhada e desempenhando papéis secundários até meados do século XIX. A partir daí, vários protestos intensificaram-se em busca da igualdade entre os gêneros, em situações marcantes, por exemplo a queima dos sutiãs e a morte de centenas de grevistas em uma fábrica incendiada pelo próprio patrão, pois elas faziam greve em busca de direitos efetivados.


Essa situação trouxe a sanção de várias leis que assegurassem a igualdade entre os gêneros, como a obrigatoriedade de padronização nos salários de todos os trabalhadores. Uma delas, a lei Maria da Penha - que se denominou em homenagem a uma mulher que ficou paralítica após as  agressões do marido- assegura a punição dos autores de atos violentos ou até mesmo de ameaças mediante a queixa. Entretanto, grande parte das denúncias são retiradas antes mesmo de serem investigadas, pois a maioria das agredidas reconciliam-se com os autores e o processo ou boletim de ocorrência não é investigado

Além disso, é perceptível, apesar de se manifestar de forma amena e dissolvida, o preconceito contra mulheres que ocupam certas posições sociais, como trabalhos que exigem esforço físico. Tudo isso demonstra que, apesar de manifestações e conquistas de direitos que já foram adquiridos, certamente existe uma ideologia conservadora que, muitas vezes, distingue atividades que podem ser desempenhadas por cada gênero. Dessa forma, apresenta-se uma contradição em muitas sociedades contemporâneas, pois, ao mesmo tempo em que se valoriza a paz e a igualdade, indubitavelmente permanece um abismo de violência e pré noções sutilmente construídas.

Em suma, é necessário que o Governo mobilize-se para que campanhas possam informar as agredidas de seus direitos, convencê-las a denunciar e seguir com a investigação. Outro posicionamento que deve ser tomado é as crianças assistirem a aulas e palestras que as incentivem a conversar com suas mães e alertá-las a não aceitar as agressões domésticas. Somente assim, pode-se diminuir os índices de violência contra a mulher e, com leis e denúncias sendo efetivamente cumpridas e investigadas, honrar a memória de manifestantes e vítimas que lutaram pela igualdade entre os gêneros e o fim das agressões contra a classe feminina.

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