sábado, janeiro 09, 2016

O Mundo e nossas bolhas



O Mundo e nossas bolhas

Achei interessante um artigo que li recentemente que dizia que a maioria das pessoas conhecem aquela com quem se casarão antes dos 21 anos. Ao mesmo tempo, comecei a matutar e pensar em todas as pessoas que eu conhecia, pois, às vésperas do meu aniversário para completar essa idade, eu poderia já conhecer a tão esperada e sonhada pessoa com quem me casaria.
Bem, na verdade, o assunto do texto não é com quem eu vou me casar ou se realmente eu já conheço a pessoa com a qual viveria um suposto grande romance. Sabe o que é? Tudo isso me levou a uma reflexão a qual eu já havia discutido muitas vezes com meu amigo travesseiro antes de dormir e com a minha fiel companheira Pituca, que sempre leva tudo na brincadeira. Talvez acontecesse isso, porque conversar com objetos inanimados ou com o seu animal de estimação seja algo confortável quando você não se sente muito à vontade para falar sobre isso com outras pessoas.
A questão é que, ultimamente, percebo que as pessoas não falam mais abertamente sobre relacionamentos, sobre os planos e projetos futuros que elas gostariam que se concretizassem, agravando-se tudo isso quando o foco do assunto é a vida sentimental. Confesso que não tiro a razão da introspecção de muitas pessoas, porque eu já tive muitas decepções com amigos e na área amorosa, entretanto, acredito que isso não deveria ser um motivo pelo qual as pessoas não queiram falar sobre o assunto, compartilhar experiências e ouvir conselhos de quem já passou por isso. Evitar o assunto só faz com que se interrompa um intercâmbio de experiências entre indivíduos, o que pode ser muito produtivo para o crescimento pessoal deles.
Eu não sou exemplo de alguém que tem introspecção. Muito pelo contrário, gosto de resolver e dialogar pessoalmente, sem o uso de aparatos tecnológicos que fazem com que se escondam as reais intenções e as verdadeiras facetas demonstradas por faces, expressões, intensidade e tonalidade da voz. Além disso, percebo que cada vez mais as pessoas têm medo e insegurança, o que as afasta de se aproximarem daquelas com afinidades semelhantes e com grandes chances de laços mentais (que, na minha humilde opinião, são os mais difíceis de serem construídos).
Isso é um problema, pois cria uma geração de indivíduos que não conseguem mais conversar sem ser virtualmente, dizer o que pensam, acreditam ou sentem olhando nos olhos de outros. Eles também têm medo de se aproximarem de outros, sofrerem desilusões, decepções ou, simplesmente, de se darem conta que aquilo não era o que eles de fato queriam, então por isso se isolam em verdadeiras bolhas, sem contato com o próximo. Isolam qualquer possibilidade de diálogo sobre o assunto e preferem nunca, jamais e em hipótese alguma refletir sobre o que aconteceu naquele momento ou como aquilo pode ser um fator de amadurecimento, de mudanças e de propulsão futurística.
Toda essa situação faz com que pessoas se tornem cada vez mais indecisas, com dificuldades de tomar posicionamentos e de se arriscar. Ademais, elas ficam, a partir disso, incapazes de superar frustações, decepções ou simplesmente quebras de expectativas. De fato, nós estamos esquecendo de como é ser resiliente e da constatação  de que a vida é dinâmica, nada está estagnado a não ser que você, por decisão própria, queira viver paralisado. Afinal, o que seria essa tal resiliência? Essa palavra não é muito conhecida, por ser mais habitual, no sentido ao qual me refiro neste texto, a área da psicologia. Ela refere-se à capacidade do indivíduo de conseguir superar os obstáculos, as decepções, as adversidades lhes imposta. Então, porque não utilizar essa potencialidade inerente, mas, muitas vezes, adormecida em todos nós?
Por fim, proponho a você, leitor, um desafio: que você diga a pessoa mais interessante que você já conheceu que ela é inteligente, bonita e especial e que chame um velho amigo e diga a ele a característica mais marcante e a que você mais admira nele. Não é preciso dizer, é claro, que isso deve ser feito pessoalmente. Será que você seria capaz disso ou todo o encanto do elogio e do diálogo foi perdido por você? A outra pessoa que receberá um elogio seria de fato capaz de aceita-lo e não reprimi-lo, não trata-lo com indiferença a partir dali? Por fim, gostaria de deixar uma reflexão sobre as nossas próprias atitudes: será que conversar sobre isso com a minha cadela ou com o meu travesseiro me ajudará a resolver os meus problemas e dilemas ou se eu expressasse para alguém aquilo que gostaria de dizer seria mais eficaz?

Finalizo dizendo ainda que eu ainda continuo uma pessoa otimista, que gosta de ler romances a la “Como eu era antes de você” (posso fazer resenha deles quando acabar de ler, caso vocês queiram) e adoro sonhar com perspectivas futuras. Escrevo na esperança de que isso promova mudanças e que alguém leia, pense, converse e mude. Não nego que, muitas vezes, estou bastante pessimista quanto ao rumo das relações pessoais, entretanto, não deixo com que a minha vida esteja estagnada ou a minha mente fechada e reprimida. Somos livres o bastante para decidirmos e, a partir disso, agir a fim de que nossas amizades, relacionamentos, laços familiares não se tornem voláteis, porque estamos dentro de nossas próprias bolhas. Ah, e se não der certo, vá como disse o cantor: “tente outra vez”.

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