Na
língua portuguesa existem três tipos de narrador. Aquele onisciente,
que tem o conhecimento psicológico e de todos os aspectos dos que fazem parte
da história. Ainda existe aquele que é narrador-observador, que apenas assiste
e contempla tudo o que acontece, mas não pode interferir ou aprofundar em suas
análises. Além desses dois, ainda tem-se aquele que é personagem do enredo.
Esse tem autonomia para participar do desenrolar de todos os acontecimentos.
Entretanto, usarei os tipos de narradores apenas para exemplificar o que
acontece em nossas vidas.
O
filósofo Kant denominava de “homem menor” o ser que não fazia uso de seus
próprios pensamentos e do seu intelecto para tomar decisões e formular suas
próprias opiniões. Fazendo uma analogia, o indivíduo menor seria como um
narrador observador de sua própria vida, pois presencia tudo o que acontece e
não se impõe, fazendo com que seus pensamentos e vontades não sejam ouvidos. Essas pessoas seriam, segundo o estudioso,
covardes e preguiçosos por não fazerem uso de sua capacidade racional.
Além
disso, ainda existem outras situações. Em uma delas, a mídia e a sociedade se impõe
como narradores oniscientes. Isso acontece quando as pessoas se recusam a ter
opinião própria e aceitam tudo que as grandes corporações ditam como necessário
ou belo, através dos meios de comunicação. Assim, aqueles que consomem cultura
de massa, isto é, toda e qualquer tipo de indústria que visa à manipulação da
população – termo veiculado por Theodor W.
Adorno e Max Horkheimer, estudiosos da Escola de Frankfurt -, são
induzidos a optarem por modelos que lhes são pré-determinados, sendo assim, não
escrevem sua própria história, comportando-se como simples personagens ou
marionetes.
Por último, existem aqueles que são narradores personagens,
donos da autonomia de escrever sua própria história. Esses, geralmente são
providos de senso crítico e buscam ao máximo várias versões de um mesmo fato
antes de emitirem um parecer. A opinião deles não é de fácil manipulação,
embora eles sejam criticados o tempo todo, por não aceitarem ou gostarem de
tudo o que é padrão. Porém, eles são bem sucedidos ao fazerem a opção por seus
gostos, cursos, músicas, e outros aspectos, pois são esclarecidos, segundo
Kant, e aptos a fazerem suas próprias escolhas e serem felizes por meio delas.
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